Na próxima sexta (confira na programação acima), o Cineclube Baixa Augusta discute um titã do cinema mundial: Federico Fellini.
PROGRAMAÇÃO DE DEBATES - BAIXA AUGUSTA – 1º. SEMESTRE - 2013
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Data
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Assunto
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Leitura
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24/05
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Fellini
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O cinema italiano até o neorrealismo
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21/06
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Leon Hirszman
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O cinema brasileiro até a década de
1980
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26/07
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Fritz Lang
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O cinema alemão ontem e hoje
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LOCAL
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Bar ESPETÃO
R. Frei Caneca, 1395 – Perto da av. Paulista.
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HORÁRIO
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20 HORAS
Sempre às sextas-feiras
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Federico Fellini, Cavaleiro da Grande Cruz (título de honra
concedido pelo Governo Italiano), nascido em 20 de
Janeiro de 1920 e falecido em 31 de
Outubro de 1993. Conhecido pelo estilo peculiar que funde fantasia e
imagens barrocas,
ele é considerado uma das maiores influências e um dos mais admirados diretores do século XX.
Em agosto de 1918, sua mãe, Ida Barbiani (1896 - 1984), se casa com um
vendedor viajante chamado Urbano Fellini (1894 - 1956) em cerimônia
civil (com a cerimônia religiosa no mês de janeiro seguinte). Federico Fellini
era o mais velho de três filhos (depois vieram Riccardo e Maria Maddalena).
Urbano Fellini era nativo de Gambettola,
onde, por muito tempo, Federico costumou passar as férias na casa dos avós.
Nascido e criado em Rimini, as
experiências de sua infância vieram a ter uma parte vital em muitos de seus
filmes, em particular em "Os Boas Vidas", de 1953; "8½" (1963) e "Amarcord"
(1973). Porém, é
errado pensar que todos os seus filmes contêmautobiografias e
fantasias implícitas. Amigos próximos, como os roteiristas de TV Tulio Pinelli e Bernardino
Zapponi, o cinematógrafo Giuseppe Rotunno e o designer de cenário Dante
Ferretti, afirmam que Fellini convidava suas próprias memóriaspelo
simples prazer de narrá-las em seus filmes.
Durante o regime fascista de Mussolini,
Fellini e seu irmão Riccardo fizeram parte de um grupo fascista que era
obrigatório para todos os rapazes da Itália: o "Avanguardista". Ao se
mudar para Roma em 1939, ele conseguiu um
trabalho bem remunerado escrevendo artigos em um programa semanal satírico
muito popular na época – o Marc’Aurelio. Foi nesse período em que
entrevistou o renomado ator Aldo Fabrizi, dando início a uma amizade que se
estendeu para a colaboração profissional e um trabalho em rádio. Em uma
época de alistamento compulsório desde 1939, Fellini sem dúvida conseguiu
evitar ser convocado usando de artifícios e truques de grande perspicácia. O
biógrafo Tulio Kezichcomenta que, apesar da
época feliz do Marc’Aurelio, a felicidade mascarava uma época imoral de
apatia política. Muitos que viveram os últimos anos sob o regime de ditadura de
Mussolini, vivenciaram entre uma esquizofrênica imposição à lealdade ao regime
fascista e uma liberdade pura no humor.
Fellini conheceu sua esposa Giulietta
Masina em 1942,
casando-se no ano seguinte em 30 de
outubro. Assim começa uma grande parceria criativa no mundo do cinema. Em 22 de
março de 1945,
Giulietta caiu da escada e teve complicações em sua gravidez, resultando em um
parto prematuro e complicado de um menino que ganhou o nome de Pierfederico
ou Federichino (Federiquinho), mas que faleceu com um mês e dois dias
de vida. Tragédias familiares os afetaram profundamente, como é percebido na
concepção de "A Estrada da Vida" de 1954.
O italiano foi também um cartunista talentoso.
Produziu desenhos satíricos a lápis, aquarela, canetas hidrocor
que percorreram a América do Norte e Europa, e hoje são
de grande valia a colecionadores (muitos de seus rascunhos foram inspirados
durante a produção dos filmes, estimulando ideias de decoração,
vestimentas, projeto do set de filmagens, etc.). Com a queda do fascismo
em 25
de julho de 1943 e a libertação de Roma pelas tropas aliadas em 4 de Junho de 1944, num verão eufórico,
Fellini e seu amigo De Seta inauguraram o Shopping das Caretas,
desenhando caricaturas dos soldados aliados por dinheiro. Foi
quando Roberto Rossellini tomou conhecimento do projeto intitulado "Roma, Cidade Aberta" (1945) de Fellini e
foi ao seu encontro. Ele queria ser apresentado a Aldo
Fabrizi e colaborar com o script juntamente com Suso Cecchi D'Amato, Piero Tellini eAlberto
Lattuada. Fellini aceitou. Em 1948, Fellini atuou no
filme de Roberto Rossellini "Il Miracolo",
com Anna Magnani. Para atuar no papel de um vigarista que
é confundido com um santo. Fellini teve seu cabelo tingido de loiro.
Fellini também escreveu textos para shows de rádio e textos
para filmes (mais notavelmente para Rossellini, Pietro
Germi, Eduardo De Filippo e Mario
Monicelli) também escreveu inúmeras anedotas muitas
vezes sem crédito, para conhecidos comediantes como Aldo Fabrizi. Uma fotonovela de
Fellini chamada "Uma Viagem para Tulum" foi publicada na
revista Crisis,
com arte de Milo Manara, e publicada como gibi pela Catalan Communications,
no mesmo ano.
Nos anos de 1991 e 1992 trabalhou junto com o diretor canadense Damian Pettigrew para ter
o que ficou conhecida como "a mais longa e detalhada conversa jamais vista
sobre filmes", que depois serviu de base para um documentário e
um livro lançados
anos mais tarde: "Fellini: Eu sou um grande Mentiroso". Tullio Kezich, crítico de filme e
biógrafo de Fellini descreveu esses trabalhos como sendo "O Testamento
Espiritual do Maestro".
Em 1993, recebeu um Oscar de Honra em
reconhecimento de suas obras que chocaram e divertiram audiências mundo afora.
No mesmo ano ele morreu de ataque
cardíaco em Roma, aos 73 anos (um dia depois de completar cinquenta
anos de casado). Sua esposa, Giulietta, morreu seis meses depois de câncer de pulmão em 23 de
março de 1994.
Giulietta, Fellini e Pierfederico estão enterrados no mesmo túmulo de bronze
esculpido por Aldo Pomodoro. Em formato de
barco, o túmulo está localizado na entrada do cemitério de Rimini – sua
cidade natal.
O aeroporto da cidade de Rimini também recebeu seu nome.