quarta-feira, 4 de junho de 2014

Diretoria do Baixa Augusta se reúne na clandestinidade resistir à ditadura

Membro da diretoria clandestina raspa
bigode para não ser idenficado.
Raf do cartaz (faltam textos e parceiros).
A diretoria do Baixa Augusta está planejando um ciclo de filmes
sobre a ditadura  para depois da Copa. Ao invés dos nossos tradicionais debates ou rodas de discussão, realizaríamos, durante a exibição de trechos de filmes de época, a gravação de depoimentos de pessoas que viveram aqueles anos de chumbo, para produção de um documentário sob direção do nosso impagável João Fitzgerald Luiz de Brito Neto. A a ideia é segmentar os últimos 50 anos de história do Brasil (a propósito do cinquentenário do golpe militar) da seguinte maneira:

1960 - 1964 (ano do golpe)
1964 - 1968 (ano do AI-5)
1969 - 1974 (Médici - O Estado de terror)
1974 -1978 (Geisel - "Abertura lenta, gradual e segura")
1979 -1985 (Figueiredo - Crise, diretas já, fim da ditadura)
1986 - 1989 (Nova República)
1990 - 1994 (Collor e Itamar: Crise)
1995 - 2001 (FHC e o neoliberalismo).
2000 - 2014 (Lula-Dilma: manifestações de junho).

A lista de filmes é longa, e estamos em faze de triagem para a montagem da programção

O João Luiz e o Ronaldo estão selecionando os filmes, e o Jeosafá, este que escreve, está vendo local e parecerias. Quem tiver ideias ou queira ajudar, não se faça de migué.




quarta-feira, 2 de abril de 2014

O amor possível de Drummond

Greta Garbo
Após o cinema, a literatura nunca mais foi a mesma. Se, num primeiro momento, muito da práxis literária – e teatral e circense – foi apropriada pelo cinema, após isso a literatura voltou-se para o telão com olhos gulosos, e muitos temeram que ela se perdesse nele como uma Alice através do espelho. Nos grandes centros de produção cinematográfica mundial, a profissão de escritor ganhou um novo nicho, o de roteirista, e não foram poucos os que escreveram com o objetivo de ver seus livros filmados, suprema glória e consagração de um ficcionista do século XX.

A incorporação da literatura nas artes cinematográficas durante esse século foi profunda, ampla e em quantidade, e disso resultou que, a partir de um certo instante, o fluxo se invertesse, com a literatura passando a incorporar antropofagicamente temas, técnicas, formas, mitos, elementos de linguagem desenvolvidos estritamente pelo cinema.

Com o evento do cinema, a humanidade passou a receber nos olhos imagens nunca antes sequer sonhadas, e essas imagens se ofereceram a um público sempre crescente, em quantidades espetaculares, a partir da instauração de uma indústria vigorosa e de um circuito exibidor amplo e distribuído por todo o mundo.

Aos escritores, poetas ou prosadores, por sua vez, o cinema se ofereceu como um manancial inesgotável de possibilidades temáticas, composicionais, e ainda como laboratório de técnicas, muitas das quais por eles experimentadas em seus textos em estado bruto ou traduzidas com adaptações para as necessidades expressivas das artes literárias. Bem, que Holywood empregou uma grande quantidade de escritores consagrados para adaptar  para o cinema seus - deles - próprios livros, todos o sabem.

Uma dos mais óbvios empréstimos feitos pela literatura ao cinema diz respeito às divas. Escritores e mais escritores, mergulhados na sala escura, sentiram seus corações dispararem a cada entrada em cena de, digamos como exemplo, Greta Garbo.

Esse tipo cruel de mulher insubmissa, dominadora, fria etc. etc. etc., causadora de estranheza a um público masculino embalado por delírios machistas, deu ensejo a mais de um texto em prosa ou verso, podem crer.

Para ficar no Brasil, falemos de Drummond. Na década de 1980 o Arquivo Público Mineiro, publicou um volume de crônicas de Drummond, inéditas em livro, do período 1930-1936. Estou certo de que a iniciativa coube a Hélio Gravatá – quem descobrir que errei, pode falar mal, aliás, quem quiser falar mal, pode fazê-lo, mesmo que eu não tenha me enganado.

O livro é muito bem feito, com ilustrações de época que são realmente muito sugestivas. Numa dessas crônicas, o poeta descompõe as formas maiúsculas de Greta Garbo, mas logo se vê que ele a elogia pelo inverso, o que o final da crônica não deixa escapar. Ela completaria 100 anos em 2005, ela a atriz, não a crônica.

Não é a única referência de Drummond nem a Garbo nem ao cinema. Aliás, em Confissões de Minas, seu primeiro livro em prosa, numa das crônicas dedicadas a reminiscências da infância, o poeta lamenta o impacto da chegada do cinema a sua Itabira do Mato Dentro, evento que, a depreender da lamentação do poeta, teria liquidado o poético teatro “amador” que lá se realizava.

As relações entre cinema e literatura, por óbvias, têm sido bastante estudadas, principalmente no âmbito do cinema. Os grandes festivais sempre dedicam espaço ao assunto – embora o inverso nem sempre seja verdade: pouquíssimos congressos literários dedicam ao cinema igual reverência.

Nos últimos tempos tenho feito o inverso: tenho procurado localizar elementos do cinema apropriados devida ou indevidamente pela literatura. Algumas incorporações saltam aos olhos, como a aqui citada, sem maiores dificuldades, outras, porém, são de observação difícil – e de comprovação ainda mais, pois dizem respeito a processos sutis, relacionados à produção de sentidos. Para se ter uma idéia, Hauser considera que o flash Back, técnica eminente cinematográfica, foi inventada por... Proust, de Em busca do tempo perdido.Voltarei a esse assunto futuramente.

Termino este artigo com Drummond e Garbo.

É muito significativo que em suas primeiras crônicas o poeta mineiro elogie canhestramente – vai, Carlos, ser gauche na vida – a diva de Ana Karenina. Porém é ainda mais significativo e comovente que em seu último livro volte à atriz sueca, num poema nada enigmático de amor sincero e longevo à sétima arte e à diva de sua mocidade.

FONTE: Novo Cineclubismo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Amor à flor da pele, de Wong Kar Wai

Amor à Flor da Pele (Fa yeung nin wa) - 2000. Escrito, dirigido e produzido por Wong Kar Wai. Direção de Fotografia de Christopher Doyle, Pung-Leung Kwan e Ping Bin Lee. Música Original de Michael Galasso e Shigeru Umebayashi. Block 2 Pictures, Jet Tone Production e Paradis Films / Hong Kong | França.
27 DE SETEMBRO, 20 HORAS
O olhar cineclubista do Baixa Augusta penetra esta fechadura:
Em Amor à Flor da Pele (2000), o cineasta chinês Wong Kar Wai provou que é possível retratar os efeitos de uma paixão arrebatadora através da linguagem cinematográfica, sem que para isso seja necessário apelar para o excesso de cenas de sexo, ou de nudez. Todos os aspectos do filme, incluindo trilha sonora, fotografia, enquadramentos, figurinos e direção de arte, colaboram para tal e o resultado é simplesmente impressionante, uma obra de arte tão bela quanto melancólica e tão fascinante quanto a própria sensação de estar apaixonado; trata-se de um filme esteticamente belo, dramaticamente consistente e muito bem sucedido em sua proposta. Sua história gira em torno de um casal que vive uma paixão impossível de se concretizar, devido ao fato de que ambos são casados e temem transpor as barreiras morais que se levantam em torna da situação.

Na trama, ainda que resistam em assumir aquilo que sentem um pelo outro, o jornalista Chow Mo-wan (Tony Leung Chiu Wai) e a secretaria Su Li-zhen (Maggie Cheung) acabam alimentando um sentimento que só se intensifica no decorrer da trama, a falta de contato físico e a não consumação deste amor parece aumentar ainda mais a ardente paixão que sentem um pelo outro. O roteiro explora tal situação de uma forma maravilhosa, todo o desenvolvimento da história é sustentado pelos curtos passos que cada um dos personagens tentam dar em direção ao outro, passos estes que ora parecem não levar a lugar nenhum, ora aparentam distanciá-los ainda mais. Ao retratar este sentimento reprimido, o filme levanta diversas questões morais, principalmente acerca do adultério e da confiança depositada em outrem. A trama nos leva a questionar onde de fato começam a traição e a culpa daqueles que a cometem. 


Chow e Su Li se mudaram no mesmo dia para um prédio decadente localizado em um subúrbio de Hong Kong, ambos, com seus respectivos cônjuges, alugaram quartos em minúsculos apartamentos. A pobreza do local nos salta aos olhos já nas primeiras cenas do filme. Paredes descascadas, instalações elétricas precárias e a claustrofobia proporcionada pela falta de espaço denotam alguns dos problemas sociais que a cidade/estado já vivenciava no início da década de 60, época em que o filme se passa. A vivência neste ambiente opressivo, a carência afetiva e a constante ausência de seus parceiros fazem com que Chow e Su Li acabem se aproximando um do outro e a cumplicidade que encontram nesta amizade aparenta aliviar as feridas provocadas pelos seus casamentos, que já estavam em crise antes mesmo de se conhecerem. 


O efeito do choque entre tradição e contemporaneidade está evidente na trama, sendo potencializado pelo dilema criado em torno do relacionamento entre os personagens. O tradicionalismo da cultura oriental se manifesta através de pequenos costumes, dos tabus preservados e de outros traços presentes na vida cotidiana. Já os reflexos da pós-modernidade estão presentes na subversão de cada um desses elementos e no vazio existencial experimentado pelos protagonistas, que seria ao meu ver uma evidência do distanciamento emocional e da fragilidade dos laços e das relações que tentam construir. As reflexões fomentadas pelo filme nascem desta dicotomia entre passado e presente, mas também das questões morais que envolvem os personagens, questões estas que seriam de certa forma atemporais.
 

O decorrer do tempo tem uma importância enorme na trama, em diversas passagens são feitos closesem relógios e isso não é por acaso, a ideia é justamente mostrar que toda a ambientação está localizada em uma espécie de quebra temporal, onde o passado se encontra com o presente e o futuro, exercendo juntos efeitos sobre a vida dos personagens. O ritmo lento que o filme adota em seu desenvolvimento reforça esta ideia, é interessante a percepção de que não é possível saber ao certo quanto tempo se passou desde que os personagens se conheceram, podem ter sido dias, semanas ou até mesmo meses ou anos. A montagem ajuda a desconstruir a noção do decorrer do tempo, sem que haja para tal a necessidade de 'quebras' na narrativa, isso torna o desenrolar da trama um fluxo contínuo e ininterrupto, no qual predominam o desejo e paixão que o longa retrata tão bem através de seus elementos técnicos e artísticos.


Amor à Flor da Pele beira à perfeição em cada um de seus aspectos, sua trilha sonora evoca nostalgia, melancolia e principalmente sensualidade. A fotografia, aliada à beleza dos figurinos e da direção de arte, constrói planos de um lirismo tão estonteante, que torna cada fotograma uma obra de arte individual. Ao olhar para o filme como um todo, concluo que Kar Wai Wong fez aqui uma obra-prima, que eu facilmente incluiria em minha lista pessoal dos mais belos filmes das últimas décadas. Terminei de assisti-lo ciente de que eu estivera diante de uma das mais belas expressões artísticas da paixão. Recomendo!!!!! 


Amor à Flor da Pele ganhou em Cannes o prêmio de Melhor Ator (Tony Leung Chiu Wai ) e o Technical Grand Prize (pela edição e fotografia).

Assistam ao trailer de Amor à Flor da Pele no You Tube, clique AQUI !


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Leonera

Dia 30 de agosto o Baixa Augusta viu e discutiu, depois de um longo inverno só discutindo, sem ver, o primeiro filme do semestre: LEONERA.


Em uma das cenas mais tocantes de Do Outro Lado da Lei (2002), a polícia de Buenos Aires comemora o Ano-Novo com muitos tiros para o alto, mesmo sabendo que o estoque de munição é escasso no dia-a-dia. Em Leonera (2008), na mesma época do ano, vemos subir os fogos de artifício, mas eles estão muito além do muro do presídio.

Essa melancolia, também presente em outro filme do diretor argentino Pablo Trapero já exibido no Brasil, Família Rodante, é um sentimento portenho acima de tudo. Tem a ver com o tango: encenar um espetáculo (os fogos, as festas, o drama da dança) para dar conta de um sofrido estado de espírito. Nessa linha quem-canta-seus-males-espanta, a música infantil que abre Leonera faz todo o sentido. É um filme de gosto agridoce que celebra a vida, ainda que conte uma história de morte.

Morte num sentido literal e também figurativo. Julia (Martina Gusman) está sendo presa com a acusação de matar o namorado em uma situação incerta, que também envolve o suposto amante (Rodrigo Santoro) do namorado. A perspectiva, se condenada, é que fique uns oito anos encarcerada no presídio feminino local - a morte simbólica. Acontece que Julia está grávida, então vai parar numa ala que mais parece uma creche. Ali há alegria e melancolia em tudo - a começar pelas paredes cinzentas de concreto, coloridas com os rabiscos das crianças.

"Leonera", em espanhol, é o lugar onde se mantêm os leões. No caso, as leoas. Trapero mais uma vez despudoriza os corpos, atrás de extrair significados, e é uma imagem forte ver o barrigão de Julia no chuveiro do presídio. Não é o caso, no entanto, de um cineasta que se encanta com o próprio talento. Quando arruma uma imagem que transborda simbolismo - como o filho que brinca se balançando na grade da cela - Trapero ainda assim mantém o plano com uma duração econômica. Não corta rápido demais a ponto de perdermos o significado, e não se alonga a ponto de explorar a imagem em "proveito próprio".
Essa humildade, podemos chamar assim, com que Pablo Trapero conta histórias acessíveis, com narrativas clássicas, mas forradas de signos, é o que lhe tem rendido reconhecimento. Não por acaso, a Videofilmes de Walter Salles é uma das produtoras de Leonera, que foi exibido em Cannes 2008 e pontua uma trajetória iniciada com o prêmio da crítica no Festival de Veneza em 1999, com Mundo Grúa. Os filmes de Trapero são do mundo, falam de temas universais - e não deixam de ter coração portenho.

FONTE: Cinema Omelete

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Programação do 2o. Semestre



SALVE GERAL
Cineclubistas baixaugustistas, adjacências e simpatizantes:

Saiu a programação do 2o. semestre de 2013. Ficou como abaixo se verifica. Este mês o Plínio e a Lia trarão os filmes, na hora a gente decidir qual será obeto de análise acurada e qual será programado para  sessão especial, antes de setembro, por suposto.

A Mazé Fitzgerald Leite conseguiu com nosso amigo ANTONIO MARTINS, do site OUTRAS PALAVRAS, o espaço com o pessoal da REVISTA VIRAÇÃO. Precisamos nos conversar para acertar como ajudamos financeiramente quem nos cedeu o espaço. Nossas posses são diminutas, de maneira que o Antônio não pode alimentar muitas esperanças no ouro do Baixa Augusta, mas, com certeza, com algum compareceremos, pois é assim que as organizações independentes atuam.Gente, é ou não é demais voltar a ver filmes em nossos encontros?

oBriGado ANTÔNIO!
oBriGado VIRAÇÃO!

Além do Rodrigo Figaldo, que propôs os filmes da programação, o grande dinossauro cineclubista Mário Dalcêndio vai voltar para o seio de nosso BaIXa aUgUsTa. Viva, Rodrigo! Viva Mário!




                                        CINECLUBE BAIXA AUGUSTA
Data
PAÍS
FILME
INDICAÇÃO
30/08
Argentina
Leonera, de  Pablo Trapero
Plínio
Mentiras piadosas, de Diego Sabanés
Lia
27/09
China
Amor à flor da pele, de Wong Kar Wai
Jeosafá
25/10
Espanha
O operário, de Christian Bale
Rodrigo
Fados, de Carlos Saura
Lia
29/11
Japão
A Partida, de Yojiro Takita
Rodrigo
13/12
França
de Jean-Pierre Jeunet
Rodrigo
Local: REVISTA VIRAÇÃO – 20:00h
RUA AUGUSTA, 1239 - 1º andar -  São Paulo - SP

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Fritz Lang incontroverso

PROGRAMAÇÃO DE DEBATES - BAIXA AUGUSTA – FINAL 1º. SEMESTRE - 2013
Data
Assunto
Leitura
26/07
Fritz Lang
O cinema alemão ontem e hoje
LOCAL
Bar ESPETÃO
R. Frei Caneca, 1395 – Perto da av. Paulista.
HORÁRIO
20 HORAS
Sempre às sextas-feiras






Filho de um construtor, FRITZ LANG (Friedrich Christian Anton Lang) cursou a faculdade de arquitetura, na Universidade de Viena. Depois de viajar e trabalhar em diversos países da Europa, Ásia e norte da África, entre 1919 e 1914, Lang estabeleceu-se em Paris e começou a trabalhar como pintor.


Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, Lang tornou-se oficial do exército austro-húngaro. Ferido em combate, em 1916, passou a criar roteiros para cinema, principalmente de filmes de terror e de suspense. 

Com o fim da guerra, mudou-se para Berlim para trabalhar com o produtor Erich Pommer. Em 1919, foi lançado o filme "O Gabinete do Dr. Caligari", de Robert Wiene, cujo roteiro foi parcialmente escrito por Lang.


Entre 1919 e 1920, Lang lançou uma série de filmes intitulados "Die Spinnen", que o tornaram conhecido. O cineasta deu início ao expressionismo alemão, uma estética que dá vazão às reações subjetivas, criadas por objetos e cenários de grande intensidade visual, explorando as distorções e o uso do preto-e-branco.



Em 1922 estreou "Dr. Marbuse", um estudo sobre uma mente criminosa. Nesse mesmo ano casou-se coma atriz e escritora Thea von Harbou, autora de "Metropolis" - livro que deu origem a um dos filmes mais famosos de Lang. Dois anos depois, realizou "Os Nibelungos", baseado num romance medieval.
Em 1926, o filme "Metrópolis", que se passa em 2026, estreou como o primeiro filme de ficção científica da história do cinema. Fritz Lang realizou seu primeiro filme sonoro em 1931, "M, o Vampiro de Dusserldorf", a história de um serial killer de crianças.



Pouco antes de os nazistas tomarem o poder na Alemanha, Lang estreou o filme "O Testamento do Dr. Marbuse", no qual descreve a filosofia nazista. O filme foi proibido. Apesar disto, Lang foi convidado pelos nazistas para dirigir documentários de propaganda política.

No ano seguinte realizou "Fúria", considerado seu melhor filme americano. Realizou ainda alguns outros filmes, como "Almas Perversas", "Desengano" e "Corrupção". Em 1956 abandonou o esquema comercial de Hollywood para voltar a viver na Alemanha, onde dirigiu, em 1960, "Os Mil Olhos do Dr. Marbuse".


Em 1963, foi convidado pelo cineasta Jean-Luc Godart a desempenhar um papel no filme "O Desprezo". No ano seguinte, já quase cego, presidiu o Festival de Cinema de Cannes. O cineasta voltou a morar nos Estados Unidos, onde passou seus últimos anos. Embora tenha parado de produzir, teve sua filmografia reavaliada pela crítica, passando a ser prestigiado como um dos maiores criadores da história do cinema.
Em vez disso, ele abandonou Berlim e passou a morar em Paris, apesar de sua mulher ter permanecido na Alemanha e aderido ao nazismo. Em 1935, Lang mudou-se para os Estados Unidos, conseguindo cidadania norte-americana.


FONTE: http://educacao.uol.com.br/biografias/fritz-lang.jhtm

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Na próxima sexta (confira na programação acima), o Cineclube Baixa Augusta discute um titã do cinema mundial: Federico Fellini.

PROGRAMAÇÃO DE DEBATES - BAIXA AUGUSTA – 1º. SEMESTRE - 2013
Data
Assunto
Leitura
24/05
Fellini
O cinema italiano até o neorrealismo
21/06
Leon Hirszman
O cinema brasileiro até a década de 1980
26/07
Fritz Lang
O cinema alemão ontem e hoje
LOCAL
Bar ESPETÃO
R. Frei Caneca, 1395 – Perto da av. Paulista.
HORÁRIO
20 HORAS
Sempre às sextas-feiras


Federico Fellini, Cavaleiro da Grande Cruz (título de honra concedido pelo Governo Italiano), nascido em 20 de Janeiro de 1920 e falecido em 31 de Outubro de 1993. Conhecido pelo estilo peculiar que funde fantasia e imagens barrocas, ele é considerado uma das maiores influências e um dos mais admirados diretores do século XX.

Em agosto de 1918, sua mãe, Ida Barbiani (1896 - 1984), se casa com um vendedor viajante chamado Urbano Fellini (1894 - 1956) em cerimônia civil (com a cerimônia religiosa no mês de janeiro seguinte). Federico Fellini era o mais velho de três filhos (depois vieram Riccardo e Maria Maddalena). Urbano Fellini era nativo de Gambettola, onde, por muito tempo, Federico costumou passar as férias na casa dos avós.
Nascido e criado em Rimini, as experiências de sua infância vieram a ter uma parte vital em muitos de seus filmes, em particular em "Os Boas Vidas", de 1953; "" (1963) e "Amarcord" (1973). Porém, é errado pensar que todos os seus filmes contêmautobiografias e fantasias implícitas. Amigos próximos, como os roteiristas de TV Tulio Pinelli e Bernardino Zapponi, o cinematógrafo Giuseppe Rotunno e o designer de cenário Dante Ferretti, afirmam que Fellini convidava suas próprias memóriaspelo simples prazer de narrá-las em seus filmes.
Durante o regime fascista de Mussolini, Fellini e seu irmão Riccardo fizeram parte de um grupo fascista que era obrigatório para todos os rapazes da Itália: o "Avanguardista". Ao se mudar para Roma em 1939, ele conseguiu um trabalho bem remunerado escrevendo artigos em um programa semanal satírico muito popular na época – o Marc’Aurelio. Foi nesse período em que entrevistou o renomado ator Aldo Fabrizi, dando início a uma amizade que se estendeu para a colaboração profissional e um trabalho em rádio. Em uma época de alistamento compulsório desde 1939, Fellini sem dúvida conseguiu evitar ser convocado usando de artifícios e truques de grande perspicácia. O biógrafo Tulio Kezichcomenta que, apesar da época feliz do Marc’Aurelio, a felicidade mascarava uma época imoral de apatia política. Muitos que viveram os últimos anos sob o regime de ditadura de Mussolini, vivenciaram entre uma esquizofrênica imposição à lealdade ao regime fascista e uma liberdade pura no humor.
Fellini conheceu sua esposa Giulietta Masina em 1942, casando-se no ano seguinte em 30 de outubro. Assim começa uma grande parceria criativa no mundo do cinema. Em 22 de março de 1945, Giulietta caiu da escada e teve complicações em sua gravidez, resultando em um parto prematuro e complicado de um menino que ganhou o nome de Pierfederico ou Federichino (Federiquinho), mas que faleceu com um mês e dois dias de vida. Tragédias familiares os afetaram profundamente, como é percebido na concepção de "A Estrada da Vida" de 1954.
O italiano foi também um cartunista talentoso. Produziu desenhos satíricos a lápisaquarelacanetas hidrocor que percorreram a América do Norte e Europa, e hoje são de grande valia a colecionadores (muitos de seus rascunhos foram inspirados durante a produção dos filmes, estimulando ideias de decoração, vestimentas, projeto do set de filmagens, etc.). Com a queda do fascismo em 25 de julho de 1943 e a libertação de Roma pelas tropas aliadas em 4 de Junho de 1944, num verão eufórico, Fellini e seu amigo De Seta inauguraram o Shopping das Caretas, desenhando caricaturas dos soldados aliados por dinheiro. Foi quando Roberto Rossellini tomou conhecimento do projeto intitulado "Roma, Cidade Aberta" (1945) de Fellini e foi ao seu encontro. Ele queria ser apresentado a Aldo Fabrizi e colaborar com o script juntamente com Suso Cecchi D'AmatoPiero Tellini eAlberto Lattuada. Fellini aceitou. Em 1948, Fellini atuou no filme de Roberto Rossellini "Il Miracolo", com Anna Magnani. Para atuar no papel de um vigarista que é confundido com um santo. Fellini teve seu cabelo tingido de loiro.
Fellini também escreveu textos para shows de rádio e textos para filmes (mais notavelmente para RosselliniPietro GermiEduardo De Filippo e Mario Monicelli) também escreveu inúmeras anedotas muitas vezes sem crédito, para conhecidos comediantes como Aldo Fabrizi. Uma fotonovela de Fellini chamada "Uma Viagem para Tulum" foi publicada na revista Crisis, com arte de Milo Manara, e publicada como gibi pela Catalan Communications, no mesmo ano.
Nos anos de 1991 e 1992 trabalhou junto com o diretor canadense Damian Pettigrew para ter o que ficou conhecida como "a mais longa e detalhada conversa jamais vista sobre filmes", que depois serviu de base para um documentário e um livro lançados anos mais tarde: "Fellini: Eu sou um grande Mentiroso". Tullio Kezich, crítico de filme e biógrafo de Fellini descreveu esses trabalhos como sendo "O Testamento Espiritual do Maestro".
Em 1993, recebeu um Oscar de Honra em reconhecimento de suas obras que chocaram e divertiram audiências mundo afora. No mesmo ano ele morreu de ataque cardíaco em Roma, aos 73 anos (um dia depois de completar cinquenta anos de casado). Sua esposa, Giulietta, morreu seis meses depois de câncer de pulmão em 23 de março de 1994. Giulietta, Fellini e Pierfederico estão enterrados no mesmo túmulo de bronze esculpido por Aldo Pomodoro. Em formato de barco, o túmulo está localizado na entrada do cemitério de Rimini – sua cidade natal.
O aeroporto da cidade de Rimini também recebeu seu nome.